Exclusivo: Procon-SP notifica PayPal por cupons de R$ 50 canceladosComo saber se meu voo foi cancelado?
Ao lado da Itapemirim, os investidores acusam as empresas Extrading Exchange & Trading Platform e Future Design Solutions (FDS) de não devolverem o dinheiro depositado na cryptour. Eles também reclamam que perderam acesso ao site da exchange para pedir o resgate do investimento, ou saber qual foi o destino dos valores.
Cryptour teria retorno de 3.600%
Em uma apresentação de negócios da cryptour obtida pelo site Congresso em Foco, a moeda digital aparece como um projeto do Grupo Itapemirim para atrair tanto a comunidade de criptoativos quanto o mercado de turistas. Seria possível trocar milhas pelos tokens da ITA Linhas Aéreas, cuja vantagem seria o fato de que eles não expiram. A companhia aérea também aceitaria os ativos digitais como uma forma de pagar por passagens. O Grupo Itapemirim estimava emitir 30 milhões de tokens da cryptour, com valor de US$ 1 por moeda. Ou seja, o grupo empresarial esperava assim a prospecção de US$ 30 milhões, sendo que a cada 30 dias seriam disponibilizados ao mercado um lote com 1 milhão de tokens. Para cada compra de um ativo digital, era prometido o retorno de 600% nos primeiros seis meses, o que se multiplicaria por seis em um ano — uma valorização de 3.600%. O programa ainda previa um bônus de 21% a cada três indicações feitas, quando o investidor convencia amigos ou parentes a depositarem valores no negócio, como uma pirâmide. Com a cryptour, o grupo Itapemirim esperava uma arrecadação a médio prazo de US$ 1 bilhão. Para atingir o valor, era esperado que pelo menos 2% de adesão do mercado de turismo. Mais tarde, a companhia esperava listar a CTOUR — cryptour — na Binance, principal bolsa de criptoativos do mundo. Apesar da apresentação conter indícios de ligação entre o Grupo Itapemirim e a cryptour, Sidnei Piva nega os laços da própria empresa com a moeda digital. O presidente do Grupo Itapemirim também nega uma relação entre a companhia e as empresas Extrading Exchange & Trading Platform e a Future Design Solutions (FDS). Mesmo assim, o site oficial da cryptour está sob propriedade da FDS, de acordo com o buscador de registro de domínios Whois. Ao Congresso em Foco, Sidnei Piva afirmou: Entretanto, um dos principais porta-vozes da CTUR, que inclusive aparece ao lado de Sydnei Piva nos vídeos do canal oficial da cryptour no YouTube, contradiz o presidente do grupo. Luiz Tavares, que aparecia como diretor comercial da Extrading, afirma que a moeda é sim uma iniciativa da Itapemirim e de Sidnei Piva. “É 85% do Piva e 15% da Future Design Solutions Ltda”, contou Luiz Tavares ao Congresso em Foco. Ele também nega ser o diretor comercial da Extrading, como aparece nos vídeos do YouTube. “Fui colocado assim nos vídeos por sugestão do Furlan [Adilson Furlan, vice-presidente da Itapemirim] para passar credibilidade. Sou um empresário na área de tecnologia com uma empresa em Dubai, a Connect Black.” A Connect Black, contudo, não possui um CNPJ e nem um site que demonstre que Tavares é dono da empresa, e muito menos que ela está presente em Dubai.
Compra da cryptour não tinha contrato
Ao comprarem a criptomoeda da Itapemirim, os investidores sequer precisavam assinar um contrato, como funciona na maioria dos casos em que isso é feito por meio de uma corretora. Outra estranheza é o fato de que o pagamento pelos tokens era feito diretamente na conta da FDS, sócia da Itapemirim no lançamento da moeda. A FDS foi alvo de uma operação realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) de Sorocaba em conjunto com o Ministério Público de São Paulo (MPSP). A empresa é acusada de organização criminosa, estelionato e indícios do crime lavagem de dinheiro. A operação resultou no na prisão do dono da Future Design Solutions, José Carlos de Mello Mas, e no bloqueio de bens de sua esposa, Nathalie Brites Mandelli. José Carlos é apontado como sócio de Sidnei Piva no lançamento da cryptour. Justamente em setembro, quem comprou tokens da Itapemirim começou a ter dificuldade para receber o dinheiro de volta. Além de não haver contrato, os valores eram transferidos via Pix para o CNPJ da FDS. As vítimas do esquema de pirâmide de criptomoeda da Itapemirim se reuniram em um grupo de WhatsApp para trocar informações sobre o caso e tentarem encontrar uma saída para amenizar o prejuízo. Um dos investidores, que pediu sigilo, disse: Em nota ao Congresso em Foco, o Grupo Itapemirim negou participar em qualquer esquema envolvendo a cryptour ou outros tokens digitais. A empresa afirma que já teve um projeto nesse sentido, mas que ele nunca chegou a sair da fase de lançamento. A Itapemirim se diz vítima de estelionato praticado por terceiros, que se aproveitaram de sua imagem para criar um ativo digital. Com informações: Congresso em Foco