Hoje, Palihapitiya é cofundador e CEO da Social Capital, empresa que financia projetos de startups em áreas como saúde e educação. Mas o executivo também se vê como alguém com o dever de conscientizar sobre o uso das redes sociais. “Não posso controlar [o Facebook], mas posso controlar a minha decisão de não usar essa m**** e também a decisão dos meus filhos”. Embora o assunto tenha surgido nesta semana, Palihapitiya deu todas essas declarações há mais de um mês, durante um evento na escola de negócios da Universidade de Stanford. Ele falou com a propriedade de um executivo que teve como papel principal bolar estratégias para incrementar a base de usuários do Facebook. O problema está justamente nessas estratégias. Palihapitiya alerta que o comportamento dos usuários na rede social é programado sem que eles percebam. “Os ciclos de retroalimentação a curto prazo impulsionados pela dopamina estão destruindo o funcionamento da sociedade”. É uma afirmação parecida com a de Sean Park, ex-presidente do Facebook, que criticou recentemente a rede social por “explorar uma vulnerabilidade na psicologia humana” ao estimular um “ciclo de retroalimentação de validação social”. Ou seja, ambos entendem que o Facebook explora com maestria o “vício” das pessoas em curtidas e compartilhamentos. Não demorou para o Facebook se pronunciar sobre o assunto. Isso era esperado. O que surpreende é que, em vez de refutar veementemente as declarações de Palihapitiya, a companhia tratou de afirmar que hoje trabalha de modo diferente: “Chamath saiu do Facebook há mais de sei anos. Quando ele estava na companhia, estávamos focados na criação de novas experiências de mídia social e no crescimento do Facebook em todo o mundo. O Facebook era uma empresa muito diferente naquela época e, à medida que crescemos, percebemos como as nossas responsabilidades também cresceram. Levamos nosso papel muito a sério e estamos trabalhando duro para melhorar. (…) Nós também estamos fazendo investimentos significativos em pessoas, tecnologias e processos, e — como Mark Zuckerberg disse na última conferência com investidores — estamos dispostos a reduzir nossa rentabilidade para garantir que os investimentos corretos sejam feitos.” Pensando bem, uma postura defensiva provavelmente só aumentaria a polêmica, afinal, não é preciso ser especializada em comportamento humano para saber que Facebook e outras redes sociais online foram construídas para manter os usuários o máximo possível de tempo dentro delas. A situação toda, portanto, continua sendo um convite à reflexão. Com informações: The Guardian, Mashable