SP vacina 30 mil pessoas para conter surto de meningite; entenda cenárioCientistas alertam que a próxima pandemia poderá ser de fungos, e não de vírus
A vítima tinha 14 anos e não apresentava qualquer comorbidade, com o corpo aparentando estar bem equipado para lutar contra infecções, o que intrigou os pesquisadores. Ela foi admitida ao Hospital Naval Marcílio Dias, na Zona Norte do município, com os sintomas de vômito, dores de cabeça e fotofobia. A presença do patógeno foi identificada por análise do líquido cefalorraquidiano, que envolve o cérebro e medula espinhal.
Raridade do caso
Como a meningoencefalite é geralmente causada por bactérias ou fungos do gênero Cryptococcus, foi surpreendente ver o P. chrysogenum no resultado de identificação taxonômica do Laboratório dedicado da Fiocruz, especialmente por ser uma espécie que nunca havia aparecido como propagadora da doença no Brasil. Apesar do tratamento com antifúngicos de duas classes diferentes, a paciente não resistiu ao choque séptico e neurogênico e veio a óbito. Aos médicos, é preocupante o caso ter sido tão sério em um indivíduo com sistema imunológico pleno, mostrando que o fungo consegue fugir da resposta imunológica e poderia fazê-lo novamente. A evolução poderia, mesmo assim, ser mais rápida e desenvolver sintomas piores em imunocomprometidos, como pacientes de covid-19 e AIDS. Não se sabe como a paciente teria sido infectada pelo P. chrysogenum, mais presente em ambientes onde há material em decomposição, obras e esgotos, mas de distribuição generalizada.
Fatores preocupantes
Com o número cada vez maior de imunossuprimidos no Brasil, gerado por abuso de medicamentos, sequelas da covid-19, depressão e AIDS, o número de infecções por fungos no sistema nervoso central vê crescimento. O Cryptococcus é, geralmente, o responsável por causar meningite: ele é contraído, na maioria das vezes, ao respirar esporos advindos de solo contaminado com fezes de pombos. A infecção por Cryptococcus tem diagnóstico fácil, mas o incidente com o P. chrysogenum reforça a necessidade de estudar e buscar por fungos com maior eficiência, já que os microorganismos são pouco lembrados e, por vezes, passam despercebidos e sem tratamento, colocando a vida de pacientes em risco. Fonte: Fiocruz