Energia usada para mineração de bitcoin em 2021 já superou consumo de 2020O que é a mineração de criptomoedas? [Investimentos]
Conforme apurou a NBC News, há uma tendência dentro do setor de criptomoedas americano que vem preocupando ambientalistas. A mineração de bitcoin está revivendo velhas e quase desativadas usinas de energia baseadas em combustíveis fósseis nos Estados Unidos. Essa crescente adesão de mineradores a fontes poluentes de eletricidade desencoraja o investimento em matrizes renováveis e limpas e reforça uma indústria que estava caminhando para o desaparecimento, segundo especialistas.
Empresa de mineração reativa usina de carvão
Quatro anos atrás, a usina de carvão Scrubgrass da cidade de Venango, Pensilvânia, estava à beira do colapso financeiro ao perder quase todos seus clientes para o gás natural barato e outras fontes renováveis. Porém, uma holding sediada chamada Stronghold Digital Mining que comprou a instalação, que queima resíduos de carvão suficientes para alimentar cerca de 1.800 máquinas de mineração de bitcoin. Segundo um documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) obtido pela NBC, esses aparelhos de mineração são instalados em contêiners ao redor da usina. A Stronghold estimou que, com a estrutura atual, deverá queimar cerca de 600.000 toneladas de resíduos de carvão por ano em Scrubgrass. Contudo, a holding também revelou que pretende expandir suas operações para manter 57 mil máquinas de mineração até o final de 2022. Esse plano de expansão requer a compra de mais duas usinas de carvão na região.
Mineradores de bitcoin buscam energia barata
Segundo Alex de Vries, economista holandês, pesquisador e fundador da Digiconomist, um site que monitora o impacto ambiental das criptomoedas, a mineração de bitcoin inevitavelmente desperdiça recursos. “É um sistema onde os participantes são forçados a desperdiçar recursos para fornecer algum nível de segurança na rede. Quanto mais valor o bitcoin tem, mais dinheiro ele gera e mais recursos são gastos”, disse à NBC. A Stronghold chegou a descrever suas operações como “ambientalmente benéficas”, apontando para a classificação da Pensilvânia de geração de energia a partir de carvão residual como uma “fonte de energia alternativa de Nível II”. Esta classificação permite que a holding se beneficie de subsídios estatais.
Proibições na China foram catalisador para o problema
Essa tendência contra a sustentabilidade da rede do bitcoin parece ter sido alavancada pela crescente onda proibicionista às criptomoedas na China. Pequim vem impondo uma restrição atrás da outra para o mercado de ativos digitais no país, mirando também nos mineradores que consomem energia barata poluente nas províncias industriais chinesas. Como consequência, entre junho e julho deste ano, cerca de metade dos mineradores do mundo ficaram offline enquanto migravam da China para outros países, principalmente os Estados Unidos. Evidentemente, a chegada de grandes empresas que trazem consigo dezenas de milhares de máquinas de mineração foi o catalisador para a reativação das usinas fósseis americanas, que antes operavam somente quando necessário em épocas de alto consumo. Vários estados, incluindo Texas e Kentucky, estão recebendo de braços abertos esses mineradores, com direitos a incentivos fiscais e subsídios energéticos. O caso da Stronghold e da usina Scrubgrass é apenas um exemplo de um cenário muito maior. No começo de julho, a região dos Finger Lakes, no interior do estado de Nova York, apareceu em notícias do mundo todo quando a reativação de uma usina a carvão para minerar bitcoin causou o aquecimento de um dos lagos glaciais. Com informações: NBC News