Com isso, os fraudadores criam diversas contas de passageiros para iniciar novas corridas com a certeza de que serão acionados no perfil de motorista. O golpe geralmente é realizado em dupla. Enquanto um fica responsável por aceitar as corridas inventadas, o outro faz os pedidos e troca os chips para mudar as contas no app.
O lucro acontece em cima dos descontos e créditos promocionais para passageiros. Apesar de o valor da corrida ser menor nesses casos, os motoristas recebem o pagamento integral. Os fraudadores também aproveitam os bônus oferecidos pela 99 em feriados, por exemplo. Em algumas situações, também são utilizados cartões de crédito clonados. Para conseguir números desses cartões, os fraudadores contam com a ajuda de programas que geram milhares de combinações até achar uma que seja válida. Com os dados, é possível realizar diversas corridas falsas até que o dono do cartão descubra o golpe. O esquema mantido por motoristas da 99 permite que o faturamento seja ao menos quatro vezes maior do que a média da categoria. Em alguns casos, a renda chega a R$ 7 mil apenas em um final de semana. No Uber, a fraude não pode ser realizada por conta do sistema de rastreamento da plataforma. Ele considera o período em que o motorista está com o aplicativo em funcionamento e faz uma média da proximidade com o passageiro. Isso costuma dificultar o direcionamento para uma determinada conta. Uma versão mais elaborada da fraude permite ganhar dinheiro sem precisar sair de casa. Um programa de computador é capaz de simular a movimentação de motoristas e passageiros. Assim, o app da 99 entende que os dois estão realizando uma corrida real. O golpe também é divulgado em redes como Facebook e WhatsApp. As plataformas são usadas para vender contas de usuários e carteiras de habilitação com permissão para exercer atividade remunerada. O “kit fraude”, como ficou conhecido, oferece chips de celular, números de CPF falsos, CNH e um “manual de instruções” por meros R$ 350.