Justiça manda vender criptomoedas de homem que emitiu cheque sem fundoNão foi só o iFood que fez o Uber Eats encerrar delivery de comida no Brasil
O despacho do MPF é assinado pelo procurador da República, Yuri Corrêa da Luz. O documento foi autuado a partir de representação do Grupo de Trabalho (GT) de Direitos Humanos e Empresas da PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão), com base na reportagem da Agência Pública, que revelou o esquema do iFood. No prazo de 15 dias, o aplicativo deve fornecer ao MPF mensagens, gravações e contratos ligados à campanha de marketing realizada para simular postagens de entregadores. A plataforma de delivery também teria se infiltrado em paralisações de motofretistas conhecidas como “breques”, na tentativa de sabotar pautas trabalhistas dos autônomos. Os procuradores exigem que as agências de marketing supostamente contratadas pelo iFood para criar a campanha — a Social QI (SQI) e a Benjamim Comunicação — apresentem documentos e contratos firmados com o iFood. Elas também devem se comprometer com a Justiça para não manipular ou excluir os oito perfis falsos que imitavam entregadores nas redes sociais. As exigências do MPF podem levar à apuração de possíveis violações cometidas pelo iFood, como infrações contra os direitos dos trabalhadores. O órgão também investiga irregularidades contra os direitos à informação, à verdade, à liberdade de associação, de reunião e de manifestação, e à liberdade de gozar de condições justas de trabalho. A entidade ainda acusa o iFood de manipular a “compreensão dos fatos”. Conforme o MPF, a estratégia de marketing da plataforma pode ter provocado a alteração da percepção de consumidores e entregadores, ao simular “participações espontâneas no debate público da internet”. Nesse sentido, os procuradores avaliam que o aplicativo teria praticado desinformação.
CPI dos Aplicativos visitou sede do iFood
Até o momento, a empresa de delivery já é alvo de uma investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da CPI dos Aplicativos, instaurada na Câmara Municipal de São Paulo, para apurar delitos trabalhistas. Na semana passada, vereadores foram até a sede do iFood, a convite da própria plataforma, para realizar diligências. De acordo com a reportagem da Agência Pública, o iFood teria pago à SQI e à Benjamim Comunicação para criar páginas falsas no Facebook. Em algumas postagens, esses perfis atacaram concorrentes, como o Uber Eats, e projetos de lei que regulamentavam a profissão de entregador de delivery no Brasil. A campanha teria durado de julho de 2020 a novembro de 2021. Após as páginas falsas no Facebook, a SQI teria criado perfis fakes que se passavam por entregadores no Twitter. Eles elogiavam o iFood e utilizavam erros gramaticais e gírias para manter o disfarce. Procurados pelo Tecnoblog, iFood e Social QI não responderam até a publicação desta matéria. A reportagem não conseguiu contato com a Benjamim Comunicação.