No entanto, os EUA estão se preparando para acabar com a neutralidade de rede no país — e as empresas de telefonia no Brasil querem fazer o mesmo.
Segundo a Folha, as operadoras aguardam uma decisão da FCC (Comissão Federal de Comunicações), entidade americana equivalente à Anatel. Elas querem pressionar o presidente Michel Temer a modificar o decreto que regulamenta o Marco Civil. Com o decreto 8.771/2016, é proibido que as operadoras “priorizem pacotes de dados em razão de arranjos comerciais”, ou que privilegiem seus próprios serviços. Mas elas alegam que deveriam gerenciar o fluxo de dados — cobrando mais para acesso prioritário a serviços como streaming — para evitar congestionamentos de rede. Ajit Pai foi indicado em janeiro pelo presidente Donald Trump para comandar a FCC (Comissão Federal de Comunicações), entidade americana equivalente à Anatel. Desde então, uma de suas prioridades é reverter a neutralidade de rede. Pai diz que ela sufoca a inovação, desestimula os provedores de atualizar suas infraestruturas, e demonstra como os reguladores foram longe demais. “Sob minha proposta, o governo federal vai parar de microgerenciar a internet”, disse ele em novembro. Caso a proposta seja aprovada, as operadoras poderão oferecer pacotes com mais velocidade para a Netflix — ou para seus próprios serviços de streaming, já que elas também vendem TV paga. Elas poderão acelerar o acesso a determinados sites, inclusive aos seus próprios; a Verizon, por exemplo, é dona do Yahoo, TechCrunch e Engadget. Pai reconhece que as operadoras poderão até bloquear determinados sites dependendo do plano contratado. Em todo caso, elas teriam que informar os consumidores “em um site facilmente acessível”. A FCC deve aprovar as novas regras em 14 de dezembro. Segundo a Folha, assim que a decisão for tomada, as operadoras brasileiras farão uma rodada de visitas ao Planalto, ao Congresso, ao Ministério das Comunicações e à Anatel. No momento, elas têm dois argumentos na manga. Além da decisão da FCC, elas dizem que precisam priorizar tráfego na internet das coisas. Afinal, ela será usada para aplicações críticas, como monitorar o trânsito e realizar cirurgias. Ativistas e empresas — incluindo Facebook, Google, Twitter, até mesmo o PornHub — vêm protestando nos EUA contra o fim da neutralidade de rede. Pelo visto, entidades brasileiras terão que se mobilizar mais uma vez contra essa ameaça.