6 metaversos que já existiam antes do Facebook HorizonO cara que cunhou o termo “metaverso” está criando seu próprio metaverso

O ministro da Justiça, Comunicação e Relações Exteriores de Tuvalu, Simon Kofe, fez o anúncio por meio de um discurso aos líderes na Conferência COP27. Kofe disse que o plano é uma solução para o pior cenário enfrentado pelo país-arquipélago, famoso por suas praias paradisíacas, clima tropical e rica cultura. A versão digital de Tuvalu no metaverso ajudaria a preservar esse imenso patrimônio do povo local. Caso o lugar seja inundado pelas águas, Tuvalu pode ser a primeira nação a existir apenas no ciberespaço. “Mas se o aquecimento global continuar sem controle, não será o último”, alertou o ministro. Este cenário um tanto apocalíptico é uma maneira justificável de preservar a identidade da ilha em uma eventual inundação. Desde quando os cientistas alertaram sobre o aumento do nível dos oceanos, causado pelo derretimento das calotas polares, vários locais ao nível do mar vivem na iminência de desaparecer. Com a recriação no metaverso, Tuvalu poderia funcionar plenamente como um “estado soberano”, ainda que seu povo seja forçado a viver em outro lugar. Este seria um curioso caso de preservação da nacionalidade por meio da tecnologia, criando um país 100% digital e com imensos desafios para o Direito Internacional resolver.

Tuvalu no metaverso

Kofe sugere que três aspectos da nacionalidade de Tuvalu poderiam ser recriados no metaverso: Não dá para saber se isso seria viável de fato nem mensurar os impactos da virtualização de um Estado na organização mundial. Sob o ponto de vista tecnológico, não é difícil renderizar cenários com bastante precisão e riqueza de detalhes, mas há várias outras questões econômicas, sociais e políticas ainda em aberto. Como considerar um país que não existe fisicamente como um Estado-nação soberano, com direito de participação em decisões do mundo real? Esse ambiente digital é totalmente dependente da eletricidade e da internet para existir, além ser suscetível a ataques hackers, acesso não autorizado e até modificação de códigos-fonte. Tuvalu tem apenas 12 mil habitantes, mas garantir que essas pessoas estejam imersas em um mundo virtual persistente é um baita desafio técnico. É preciso oferecer internet de qualidade, computadores com processamento gráfico adequado e formas de imersão virtual. Headsets de realidade virtual são geralmente usados para isso, mas nem todos se adaptam (há o cansaço visual e as náuseas) e ainda existe o custo elevado.

Desafio vai além da tecnologia

Há, ainda, o aspecto de meio-ambiente ligado à iniciativa. Uma pesquisa publicada na Nature prevê que a internet consumirá cerca de 20% da eletricidade mundial até 2025. A ilha sofre em decorrência das mudanças climáticas, mas o consumo energético de servidores, data centers, roteadores, dispositivos e monitores também traria impacto nocivo para a natureza. A ideia de construir uma “nação metaversa” pode ajudar a preservar um país ameaçado, mas traria consequências para outras nações. Imagine se todas as regiões costeiras possivelmente alagadas decidirem seguir pelo mesmo caminho? Kofe está bem ciente de que o metaverso não é uma resposta para os problemas de Tuvalu. O político lembrou que ainda dá tempo de agir para minimizar os impactos das mudanças climáticas, como a redução no uso de combustíveis fósseis, a diminuição na emissão de poluentes na atmosfera e a preservação das florestas nativas. Com seu vídeo curioso, o ministro conseguiu o que queria: chamar a atenção da comunidade internacional para um grave problema humano.“Sem uma consciência global e um compromisso com nosso bem-estar compartilhado, podemos encontrar o resto do mundo se juntando a nós online enquanto suas terras desaparecem”, concluiu.

Pa s est  sendo reconstru do no metaverso para fugir das mudan as clim ticas - 93